
Esta é a centésima vez que ela assiste ao nascimento do ano. E o peso da centúria não fê-la velha e encarquilhada.
Caminha alevantada, subindo e descendo à Ana Chaves para assistir à missa das nove. Pára, conversa, cumprimenta, sorri.
Não traz nos cabelos a poeira do século, branqueando-os, nem carrega nos passos o arrastamento de pernas: cansaço das lidas.
A voz é mansa, os olhos doces e o rosto sem rugas guarda uma formosura antiga.
Atravessou duas grandes guerras, viu a queda de democratas e de ditadores, venceu epidemias e assistiu ao passeio do Cometa de Halley.
Embalou gerações, cantou canções de amor sobre berços, sepultou seus mortos queridos e semeou paz e ternura entre os homens.
Ela é a matriarca do burgo de São Caetano da Vargem Grande: as serras e as montanhas que abraçam a cidade de ladeiras bravas, sabem disto; aquele coqueiro idoso – falecido – que havia nos fundos do largo da Matriz, testemunhava isto.
Ela é a mãe dos homens.
Todos lhe somos meninos: respeitamo-la e lhe devemos obediência.
Feliz centésimo Ano-Novo, Mamãe TiTi.
Receba um beijo e abençoe este menino distante.
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