Essa turma quer abrir mais garrafas
Por Redação Paladar
Isabelle Moreira Lima
Especial para O Estado
Uma nova geração de sommeliers começa a aparecer em São Paulo com uma
missão em comum: tornar o vinho mais fácil, menos esnobe. Com diferentes
histórias, formações e aspirações, essa geração acredita que a bebida tem uma
imagem “sagrada” que precisa ser modificada já. Só assim serão abertas mais
garrafas, seu maior objetivo.
Conheça cinco jovens profissionais que têm se destacado no cenário
paulistano: Lerizandra Salvador, do Vicolo Nostro; Marcelo Batista, do
Trattoria Fasano; Gabriel Raeli, do Bardega; Camila Ciganda, do Jacarandá; e
Cássia Campos, do grupo Chez.
FOTO: Felipe Rau/Estadão
Mais teoria
Há uma diferença clara entre as gerações mais antigas de sommeliers e
mais novas, diz Pedro Alves Cardoso, instrutor da área de bebidas do Senac São
Paulo. Segundo ele, os mais antigos fizeram a carreira na prática. Eram mais
focados no serviço do vinho e pouco sabiam sobre a história e a geografia que
envolvia os rótulos. “Os mais jovens estão mais focados em tudo o que cerca a
bebida, sua cultura, sua história, sua produção”, afirma o escanção, como gosta
que a profissão seja designada. Muitos deles nem querem praticar o serviço ou
trabalhar na noite, mas escrever sobre o tema.
Cardoso vê mais oportunidades para os mais jovens, que conseguem viajar
para conhecer regiões produtoras e diferentes histórias de vinificação.
“Antigamente, os patrões não liberavam. O máximo que conseguiam era ganhar
brinde de importadora.”
Brincadeira na carta e timidez fora do salão
FOTO: Felipe Rau/Estadão
Antes de ser sommelière profissional, Lerizandra Salvador só bebia vinhos
doces. Talvez fosse influenciada pela mãe, que é fã dos adocicados; talvez
fosse vítima da má qualidade dos secos que experimentava. “Quando comecei a ter
acesso a vinhos de melhor qualidade, ampliei minha preferência”, afirma.
Isso aconteceu quando saiu do sul de Minas e foi a Campos do Jordão (SP)
trabalhar no restaurante A Tal da Pizza. Tinha 24 anos quando começou a abrir
garrafas. Pouco tempo depois, veio para a capital paulista onde, depois de
rápido interlúdio trabalhando como recepcionista e em lojas de roupa – trabalho
que detestou –, começou a estudar na Associação Brasileira de Sommeliers.
Depois de dois anos de estudo e muito serviço, foi oficializada como
sommelière.
No Vicolo Nostro, onde trabalha hoje, aos 33 anos, é responsável pela
carta de vinhos e pela administração da adega. “Tenho 350 rótulos na casa, dá
para brincar um pouco. A cada seis meses mexo na seleção”, diz ela. O trabalho
inclui degustações semanais, pesquisa e muito estudo. “Vinho não é só paladar,
mas história, geografia. E eu gosto muito dessa parte, viajar, conhecer as
regiões”, afirma.
Aprovada em abril deste ano como uma dos cerca de 50 sommeliers
certificados do Brasil, Lerizandra sonha em morar fora e concluir o quarto
nível do WSET, alta qualificação da categoria, em Londres, onde o curso é
ministrado. “Preciso ainda melhorar o inglês e o francês e, quem sabe, morar um
tempo na França. Quero conhecer o vinho em sua origem”, afirma. Para
Lerizandra, que pensava em ser advogada na infância, é inimaginável a vida
longe dos vinhos. Ela diz que a única coisa realmente difícil de ser sommelière
é deixar a timidez fora do salão. “É um desafio diário”, diz.
Profissional que admira: Diego Arrebola, do Pobre Juan, e Thiago
Locatelli, do Varanda
Dica da Lerizandra: Lidio Carraro Dádivas 2013 Chardonnay
Origem: Encruzilhada do Sul, Brasil
Preço: R$ 53, na Wine
Um vinho brasileiro bem melhor que alguns chilenos e argentinos na mesma
faixa de preço, segundo a sommelière, este chardonnay é fresco e frutado com
aromas tropicais de abacaxi, melão, pera e um toque mineral.
4 comentários:
PARABÉNS !!! Braszópolis continua dando bons frutos. Ser um degustador e apreciador de vinhos e NOBRE, e ainda ser conhecedor de sua origem e bem interessante.
Parabéns, Lerizandra! Muito sucesso para você!
Parabéns Lerizandra.
Também amo vinhos.
Parabéns Lerizandra..Sucesso. Parabéns Luminosa/Sertãozinho.
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