Lá pelo fim da década de trinta,
algumas vezes o meu tio, o querido Padre Quinzinho, pedia para acompanha-lo em
viagens de festas religiosas nas roças. Eu estava paradão, sem trabalho, pois
trabalho mesmo só surgiu para todos com o início da segunda grande guerra ,
pela industrialização e aumento do serviço militar.
Tive boas lembranças dessas
viagens, sempre de charrete; meu tio ganhara uma com o respectivo cavalo, se
não me engano, chamado Rochedo, que ficava na chácara do tio Agenor. Eu gostava
da viagem de charrete, o problema era ir buscar o cavalo no pasto. Às vezes
enfrentando o frio de geada. A sorte é que sempre aparecia o primo Zé Luiz para
ajudar, ou seja, na realidade resolver tudo.
À noite, enquanto o tio Quinzinho
estava na capela com as confissões, eu na casa do festeiro ia dormir, ouvindo
as alegres conversas na cozinha, onde se preparava o inesquecível almoço do dia
seguinte, o dia da festa, com leitoa, frango assado, peixe e muita coisa mais.
Entre risadinhas, gritos para afastar as crianças, gatos e cachorros, todos
alvoroçados naquele dia de véspera de festa ( o estimado e bom Zé Mina dizia (o
melhor da festa é esperar por ela). Em tempo: sobre o almoço – eu dizia lá em
casa que a couve e o macarrão da roça eram melhores do que o da cidade. Depois
soube que a couve era tapioca e até hoje compro essa verdura nas feiras. Já o
macarrão ficou sendo um mistério a preferência; quem souber é favor dizer.
Lembro-me do foguetório antes e
depois da missa; já falei do almoço que era um banquete, mas nunca vi e nem
fiquei sabendo em detalhes da continuação noturna, certamente com música e
dança.
JAPÃO
Em frente à capela antes da missa um rapaz se divertia dando
choques elétricos nas crianças, utilizando baterias de caminhão. Após a missa
houve uma aula de catecismo e o Padre Quinzinho perguntou: Quem foi Adão, sem
que houvesse resposta, silêncio total. Foi então ensinado, foi o pai de todos
os homens. Veio ai a pergunta: Quem foi Eva, e a criançada rápida no raciocínio
gritou em conjunto e com alegria pela aprendizagem rápida: Foi a mãe de todas
as mulheres.
Há alguns anos eu estava pescando no na ponte do Rio
Anhumas, bem perto do Bairro Japão quando passou perto de mim e do meu primo
Geninho um senhor que iniciou conversa. Era o senhor João Maria que sabia de todos e de tudo do bairro e da
cidade, inclusive de minha família. Foi um papo agradável e senti não ter
oportunidade de encontrar o senhor João Maria outra vez. Contei da festa que
vira no bairro; ele contou até quem dava choques naquele dia festivo dos anos
trinta.
TEODOROS
Fui duas vezes ao bairro dos Teodoros e achei muito bonita a
casa, certamente do festeiro, antiga, diferente. Quando da segunda ida, fui
recebido com espanto com o dono da casa,
ele pensara que eu tinha morrido, até já rezara pela minha alma. Acontece que,
por ajudar o padre, ele pensara que eu era o sacristão, e o sacristão,
Sebastião Braz havia morrido. Quer dizer
então que, que eu tenho u crédito antecipado lá o Alto, coisa rara. Vale
lembrar que `a beira do túmulo do Sebastião Braz, um senhora, a título de
homenagem, disse: Morre u m homem bom e tantos maus ficam por ai.
Agora, recentemente, em 2011 ou 2012, soube pelo amigo Luiz
Martins ( infelizmente já falecido) que o dono da casa bonita era um seu tio.
Rezo então pela alma do tio e do sobrinho.
LADO DOS ARAÚJO
Não me lembro bem do bairro, mas me lembro que comentei com
mina mãe que gostava de ver o trabalho da professora rural, e fiquei sabendo
que era D. Ernestina, fica aqui minha homenagem.
OLEGÁRIO MACIEL
Pouco me lembro da estadia em Olegário Maciel, salvo que, se
não e engano, que a hospedagem foi na casa de um farmacêutico . Mas da volta
lembro bem. Era muito comum o Padre Quinzinho ser chamado para ir à roça
confessar um doente. Era comum cavalo esperando `porta da casa paroquial e um
mensageiro para levar o padre, sabe-se lá a que distância. Era um sofrimento
para minha vó quando via os cavalos para ao lado da porta. Isto aconteceu
também quando da viagem a Olegário. E quando da volta para a cidade houve um
desvio para atender um doente, e no no alto de uma serra., mas podia ser pior e
foi: com uma grande tempestade. O tio, como sempre, lia o breviário, e eu
estava agoniado, vendo a dificuldade do pobre do cavalo tentando subir o morro
liso, a água caindo em quantidade, o vento assobiando, tenho a lembrança do animal ter caído uma vez. Mas
chegado Mas chegando ao alto do morro, e lá na porta da casa, muito bem
disposto, forte e bem sacudido, pelo menos aparentemente, o doente.
Um comentário:
Cresci no bairro Araújo, e a Dona Ernestina foi professora do meu pai " Ico Joaquim". E também tive oportunidade de ver a pré-festa, pois meu pai foi festeiro por duas vezes........E Sr. mencionado, João Maria, era Paranaense, e falava com um sotaque característico, que era engraçado.......Seu relato, me fez sentir saudades!!!!!!!
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