50 anos da Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida – Maria Apparecida Serpa

 Há meio século foi concebida a primeira linha de uma das mais  representativas escolas de Brazópolis. A  Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida nasceu com o intuito de agregar aqueles que gozavam de prestigio social limitado, e de fazer com que a educação chegasse de forma mais efetiva  às regiões periféricas  do município. No entanto há que se vencer as intempéries impostas para se concretizar o sonho almejado, e isto se estende a todos os âmbitos da vida. Nós, precursores da Escola Nossa Senhora Aparecida, nos deparamos com intempéries  das mais variadas naturezas: nossas atividades de iniciaram no Salão do Santuário Nossa Senhora Aparecida (fato esse que deu origem ao nome da escola), em fevereiro de 1964, no  entanto durante alguns meses atuamos de maneira “extraoficial”, motivados única e exclusivamente pela obstinação de educar, isto porque apenas em junho (de 1964) a escola obteve aprovação  junto ao órgão oficial do estado de Minas Gerais. A primeira turma, conduzida por mim (Apparecida Serpa), era composta em sua maioria por alunos que estavam afastados da escola, e com isso, embora ainda não pudéssemos atender o número desejado de alunos, já era edificante poder conduzir crianças (por mais que ainda não fossem muitas) ao caminho das escola. Foram estas recompensas singelas, mas imediatas, que continuaram nos impulsionando, e nos levando à obtenção de maiores progressos, já no ano seguinte; Em 1967, em nosso recinto (ainda nas mediações do Santuário), a escola possuía  três turmas, e com a alternância de turnos, já comportava turmas de primeira à quarta série, e finalmente em 1970 (seis anos depois do início das atividades da escola) conquistamos a nossa tão sonhada sede (local onde a escola se encontra até os dias de hoje), com direito à presença  do então prefeito  e de outras autoridades, na tão festejada inauguração. Uma vez sediada em um espaço maior, a escola pôde atender a uma clientela mais ampla, e gradativamente foi satisfazendo aquele sonho que impulsionou a nós, pioneiros a conceber uma escola que incluísse alunos, recuperasse desistentes, e  que atendesse aos anseios de uma região do município outra marginalizada.

                No entanto, anos mais tarde, mesmo com a nova sede, houve a necessidade da ampliação do prédio. A demanda progressiva fez com que uma vez mais, nesta história de linhas de luta e garra, a obstinação humana se multiplicasse em prol de um objetivo. Professores e eu (na época diretora da escola) “arregaçamos as mangas”,  e após obtermos o material de construção e a mão de obra oferecida pelo então prefeito, não hesitamos em promover uma série de festas e movimentos para que pudéssemos angariar recursos, e desta forma concretizar os processos de piso e pintura. Tal faro se deu em 1986, e depois de mais um obstáculo superado, pudemos instalar uma turma de quarta série que estava sediada no prédio do antigo asilo. Ainda na década de 80 mais uma linha com sabor de conquista foi escrita, com a ajuda de Reverendo Padre Nunes (pároco da época), que presenteou nossos alunos com uniformes e calçados, e propiciou  que a nossa escola, até então ainda relativamente marginalizada, pudesse pela primeira vez desfilar com s outras escolas, no desfile de 07 de setembro. Gradativamente, na sequência, constituímos nossa fanfarra (compostas por adoráveis balizas) e passamos a superar veementemente qualquer eventual estigma de inferioridade que pudesse haver na Escola Nossa Senhora Aparecida  , em relação às outras escolas, situadas no centro do município.

                Depois de 50 anos, mesmo já tendo deixado minhas atividades na escola, me sinto parte integrante dela, de sua história, de suas linhas de luta e garra, sempre compensadas com o sabor das linhas da vitória, de conquista. É honroso fazer um balanço da cia, e constatar que fizemos  de nossa humanidade, tão dotada de imperfeições um instrumento edificador de sonhos . Por fim agradeço a todos, que de alguma forma, contribuíram na autoria dessa fabulosa  história. Sintam-se todos abraçados, e se julguem parte desta nobre empreitada humana.

Maria Apparecida Serpa – 27/03/14