Em 05 de maio
de 2012 na FLIPOÇOS – Feira Literária Internacional de Poços de Caldas/MG,
Fernando Gabeira ministrou uma palestra no Espaço Urca de Poços de Caldas. O
tema da palestra foi “Cidades sustentáveis”.
Gustavo
Noronha esteve presente e achou interessante algumas questões abordadas, principalmente
aquelas em que Gabeira fala sobre
cidades do nosso porte.
Durante a
palestra Fernando Gabeira foi questionado sobre o poder do povo, dos vereadores
e prefeitos das cidades pequenas.
“Todos os
prefeitos apoiavam um certo candidato do governador, na campanha, quando eu tentava
conquistar votos de alguns servidores municipais eles já diziam: “Mas o
prefeito já avisou se nós não votarmos no nosso candidato ele demite”
Então o
prefeito, realmente tem um grande poder através
dos empregos que ele dá na prefeitura.
A outra
questão que observei em Teresópolis é um caso que vale a pena contar.
Eu estava em
Teresópolis acompanhando o desastre e todas as suas evoluções. E houve uma
reunião na câmara de vereadores para criar uma CPI. E a população foi para a
câmara dos vereadores pra ver a CPI sendo criada e eles sabiam que alguns
vereadores não eram bons para isso e que
outros vereadores eram de confiança.
Então foi
interessante é que eles colocaram os nomes dos vereadores no chapéu para serem
sorteados e eu fui designado, eu era uma pessoa de mais visibilidade na plateia
e de fora então, me chamaram para tirar
os nomes.
Eu percebi
que eles vaiavam alguns vereadores e
aplaudiam outros quase que automaticamente. E quando eu olhei para os
vereadores que estavam sendo vaiados eles pareciam que estavam entendendo bem porque estavam sendo vaiados. (risos)
Eles sabiam porque estavam sendo vaiados. Eu cheguei a conclusão que é o processo
diferente de Brasília.
Quando Você fala sobre corrupção em Brasília, os
deputados que se envolveram lá e tal, são pessoas mais distantes de você, mas o
vereador não, é um cara que convive contigo ali no cotidiano. Você sabe o que
ele no verão passado.(risos) Então é uma situação que dá também uma certa força.
Se de um lado você tem esta pressão de outro lado você tem um conhecimento
maior também.
Veja, por
exemplo, numa cidade pequena o
enriquecimento ilícito de políticos e administradores. Dificilmente eles
conseguem esconder. Numa cidade grande ou num país, eles podem comprar coisas
na Suíça, podem comprar em Miami. Em
Miami estão comprando tudo, nós os brasileiros com dinheiro, entre eles muitos políticos . E
como você vai controlar quem é o dono de um apartamento em Miami? Não dá.
Mas quando é uma
cidade pequena e há um processo de crescimento, ele é visível, as pessoas percebem,
isso também é uma força. Acontece também que em uma cidade pequena o
poder de pressão do prefeito é grande e a corelação de forças é muito delicada,
mas eu acredito e houve já cidades pequenas no Brasil que conseguiram destituir
o prefeito e houve uma em são Paulo que
conseguiu uma coisa mais interessante, criar um sistema de monitoramento da
administração. É um sistema través do
qual você sabe exatamente como estão gastando o seu dinheiro. Quando eu digo o
seu dinheiro é interessante porque no Brasil a gente não liga tanto pro
dinheiro do estado. To falando de quase
30 milhões de reais mas varia, a .gente
não sente, é uma abstração. A gente não sabe, dentro de nós ou não sente emocionalmente que aquele é o nosso dinheiro,
que uma parte de seu dinheiro foi roubada. Então essa sensação no Brasil também
precisa ser difundida , a de que o dinheiro público nasce
do trabalho e do pagamento das pessoas e muitas delas não relacionam
este fato.”
Poços de
Caldas se transforma em cidade literária cada vez que abriga esta feira
nacional de livros.
A programação
da Flipoços é extensa. Há seminário, debates, seções dedicadas a gastronomia,
histórias em quadrinhos, literatura infantil etc. Na agenda, ainda, encontro de
hip-hop, shows e teatro.
Participaram das atividades 120 convidados,
entre eles, Zuenir Ventura, Luiz Fernando Verissimo, Fernando Gabeira, Ferreira
Gullar, o cartunista Paulo Caruso, o sociólogo Luiz Eduardo Soares e a monja
budista Coen. O evento tem uma convidada internacional: a jovem escritora
holandesa Franca Treur, que comparece hoje para falar sobre o seu romance de
estreia, Confetes na Eira.
A opção pela
diversidade tem motivo, “Poços de Caldas tem ao redor em torno de 80, 100
cidades, além de outras do interior de São Paulo. Gostaríamos que todas elas
tivessem no Flipoços, referência no que se refere a incentivo à leitura”,
explica Gisele Corrêa Ferreira. Se em 2011 o evento recebeu 40 mil pessoas, a
expectativa é de que, este ano, os frequentadores cheguem aos 80 mil. A
Flipoços nasceu da constatação da diretora do festival literário, quando morou
na Suíça, de que o bom desenvolvimento cultural e educacional são decisivos
para a formação de um povo e um país. “Além disso, sou leitora, gosto de livros
e acredito no potencial deles como agentes de transformação humana para
melhor”, observa. Ela conta que a atividade tem, inclusive, estimulado o surgimento
de escritores na cidade.
2 comentários:
Sabem, eu não consigo entender pq o povo tem tanto receio de exigir o que lhe é de direito. Reclamem do que não gostam, peçam pra saber, fiquem atentos... Ninguém está ofendendo ninguém por querer saber o que é feito em nossa cidade.
Poucos são os que relamar e mostram a "cara". Anônimos são inúmeros. Mas anônimo não tem voz.
Aprendam a cometar e dar seus nomes. Mostrem a força do nosso povo. Elogiem o que tem que elogiar, mas tb reclamem, deem sugestões. Se o povo cala vão pensar que está tudo bem.
Reclamar, cobrar não é ofensa é democracia!!!
Fernando Gabeira e Marina Silva estes eu reconheço como PV, já aqui em Brazópolis a coisa muda de figura.
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