Ele era chamado por todos aqui em Brazópolis por Raimundo do cinema, porque dedicou uma boa parte de sua vida ao nosso cinema.
Seu maior prazer era estar entre os cartazes escrevendo
Propagandas sobre os filmes, e a noite como bilheteiro, ou com a lanterna fiscalizando alguma coisa errada,
Não se importando com as chuvas torrenciais de verão, ou as noites geladas de inverno. Às vezes, uma gripe forte o pegava desprevenido, e mesmo com febre não abandonava o cinema só nas mãos dos empregados, achava que não podia faltar àquele compromisso. E assim o tempo foi passando, e com o tempo a sua juventude. Mais de trinta anos se dedicando ao cinema, e se abdicando de outras coisas boas que a vida podia lhe oferecer.
O prédio ainda existe e todas as vezes que passo por ele tenho a impressão de ver o Raimundo em pé na porta, sorridente, sempre assoviando melodias de alguns dramalhões antigos como:
Adeus as Ilusões, Suplicio de uma saudade, Candelabro italiano, Tarde demais para esquecer, entre muitos outros.
Um dia o cinema fechou suas portas e o sonho acabou.
Meu irmão não era mais o mesmo, só eu que convivi com ele
Posso dizer o quanto sofreu, porque do alpendre da nossa casa, ficava fumando sem parar, sempre com o olhar fixo no prédio do cinema, desgastado pelo tempo.
Um comentário:
É NÃO É FACIL PERDER ALGO QUE AMAVA TANTO ??
Tenho saudades do Raimundo !!
André Minchetti
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