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19 de junho de 2017

O AMOR É UM LAVANDÁRIO -Renato Lôbo

Maria, irmã de Marta e de Lázaro, entra na sala onde estão os convidados, gente importante. Ela leva num vaso de alabastro 1 libra de perfume, de nardo puro e precioso, e ela unge com ele os pés de Jesus e ela os enxuga com o cabelo. E a casa inteira fica tomada do perfume.

Que época aquela! Que época a nossa!

Cheira mal tudo o que existe de podre no Reino da Dinamarca. E isso deforma a capacidade de entendimento; até de perceber o que há de bom ao redor. O olfato é o mais fantástico centro de interpretação da vida. Anda difícil fazer boas interpretações!

Quando alguém coloca em si gotas de perfume, o mesmo perfume, fabricado em grande escala, torna-se único, apenas seu, a sua marca no mundo. A pessoa se transforma numa espécie de mapa, uma fonte íntima de conhecimento. Seu perfume é sua autobiografia.

Foi assim com o perfume da Elisa, minha professora. Durante anos eu guardei numa caixinha de madeira um pedaço de algodão embebido naquele perfume. Até que o perfume se foi, e a caixinha, e boa parte da vida.

Todo perfume narra uma história, fala de nós, conta como estamos. Os perfumes são nossos patrimônios afetivos. Cada instante tem seu odor, cada estação do ano tem seu odor, cada pessoa tem seu odor.

É assim quando chego à minha terra e percebo um perfume que só eu percebo. Talvez os que morem lá se esqueceram de como é, por estarem mergulhados nele. Minha terra não tem apenas palmeiras onde canta o sabiá; tem também perfume.

No Banquete de Xenofonte, Lícon interroga Sócrates sobre qual deve ser o perfume de um homem. Sócrates dispara: A virtude. Densidade existencial, a virtude é um perfume em 3D.

No profeta Ezequiel, o cheiro do povo é o melhor odor que Deus quer aspirar (Ez 20,41). Nem o perfume do orvalho nos campos, nem o cheiro das ofertas no altar, mas o cheiro do povo. Se o cheiro de cavalo era preferível ao do povo? Ezequiel pensava diferente!

No Cântico dos Cânticos existe uma montanha de aromas. A gente lê literalmente com o nariz. O mosto e as romãs, as mandrágoras perfumadas, os figos e as maçãs, os canteiros de bálsamo e o lírio que goteja, a mirra e o aloés, o nardo e o açafrão, o cálamo e a canela. Se memória olfativa é impossível entender o texto e o amor. O Cântico dos Cânticos é um livro de cheiros e sabores, um mapa do deslumbrante e sofrido caminho que uma carícia percorre.

Cheirando aquele livro descobrimos uma gramática do amor.

O amor é mais a exposição do que a posse, mais a súplica do que o dado, mais a sede do que a barragem, mais a conversa de mendigos que o discurso de triunfadores. O amor é lavandário.

Como precisamos!

Cadê o perfume de Maria?

Um comentário:

Anônimo disse...

cade fatima midia da cidade antes era lotado aki agora parou tudo cidade ta tao ruim que nem comentario tem mais nkkk cdade ta morrendo devagar acabou tudo esportes festas eventos nossa nao e como antes kkkk e brasopi ta acabando tudo antes a janela era uma febre agora sumiu tudo

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